As Aranhas
As pessoas à tua volta levantam a cabeça dos ecrãs
Enquanto os teus cabelos acariciam o terror
Assumindo o fracasso do tempo passado
Já tenho faca para cortar o sossego
As paisagens que foste incendiando
Os cadáveres dos meus dias
Vejo as imagens na televisão
Todos os mortos que sobem ao céu
Com os olhos fitos e os peitos esmagados
Sou eu que volto à minha infância
Ainda no ar aquele sentido que as coisas emanavam
Vivi como um louco e desperdicei o meu tempo
Ela brincava com a gata e era admirável
O tiro de pistola, o grito da mulher
Depois as aranhas tomaram conta de tudo
O relógio da igreja anuncia um tempo ignorado
O homem rasteja, semelhante ao verme
E a sua voz vem de longe
Vi dorsos a contorcerem-se à volta da sua dor
Durante minutos baixaram as facas e ficaram a olhar
Os pássaros começaram a cantar
Amanhã continuarás vivo!
Amanhã continuarás vivo!
Amanhã continuarás vivo!
Depois as aranhas tomaram conta de tudo
As aranhas tomaram conta de tudo
As aranhas
As aranhas