Não Me Atrevo
Não me atrevo a adivinhar o que tu sentes
Quando tens quatro paredes por morada
E lá fora sabes que és mais um ausente
Que um dia apostou na carta errada
Não me atrevo sequer a falar das horas
Que tu passas conversando com os segundos
Que te ouvem quando às vezes te demoras
A pensar se há mundo entre os nossos mundos
Não me atrevo a imaginar p´ra onde vais
Quando partes navegando pelos sonhos
Quando voltas à frieza deste cais
À distante realidade que nós somos
Não me atrevo a adivinhar a vida inteira
Que tu passas em revista a cada dia
Os momentos que tu lanças p´rá fogueira
E as memórias que tu guardas por mania
Quando um dia me puderes ir visitar
Não te vires para trás nem um momento
Segue o caminho que te leva à beira-mar
Dança com ele e faz de conta que és o vento
Não me atrevo a caminhar pelos teus pés
Que regressam sempre ao ponto de partida
Que te levam por caminhos que não vês
E te acordam junto à porta de saída
Não me atrevo a perguntar por quem te espera
Quando chegar a hora de matar saudades
Espera-te o mar, porque esse nunca desespera
E te ensinou como é amar a Liberdade