Trégua

Nem outra febre te treme
nem outro creme
nem outra crença compensa
nem outro crime
a mesma festa é a raspa do teu humor
a sobremesa não presta
a festa é a mesma
a mesma resposta
o mesmo show


Nem na nata, nem na draga
nem na sarjeta
nem pose, nem passeata
que eu sei toda a reza
a tua arte combate ou só faz show?
a sua greve se atreve?
ou você se trava?
ou trama a chegada de um novo sol?


Nada que brilha essa noite é colírio
no meu delírio
você faz a falta
na conta mais alta
na ponta da régua
trégua...
trégua...
trégua...


Dois pontos e nenhum traço
tudo no abraço
o esboço como contrato
nada no bolso
a ponte que aproximava
já desabou
a estrada agora é uma reta
a seta está torta
aponta uma rota qualquer
e só


Nada que brilha essa noite é colírio
pro meu delírio
a falta é um soco
de quem quer o troco
engula esse fora
tóra!
tóra!
tóra!

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