O Menino Mal Educado
O menino mal educado, era tão mal educado, que estava comendo, sentado à mesa com a mamãe dele, comendo de boca aberta. E a mãe dele disse:
Meu filho, não coma de boca aberta. É falta de educação. Parece um porquinho.
E o menino como era muito mal educado, respondeu para a mamãe dele:
Eu como do jeito que eu quiser!
A mãe dele não gostou. Pegou ele pela orelha. Esticou bem. Puxou a orelha dele, subindo a escada musical, que dava da cozinha até o quarto:
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Fechou a porta. Trancou ele dentro do quarto. Ele ficou com raiva, colocou a mão na bochecha, sentou-se na cama e reclamou. E depois disse:
Eu vou fazer bagunça!
Ele fez a maior bagunça. Espalhou todos os brinquedos no quarto. Arrancou todas as roupas das gavetas, fez xixi no tapete, pegou o chocolate derretido que estava numa das gavetas e esfregou o chocolate derretido no colchão. Depois ele se lembrou que havia colocado a escada de madeira do pai dele, que o pai dele usava para fazer reparos na casa. Ele havia encostado a escada de madeira na janela do quarto. Então ele disse:
Eu vou fugir.
E foi descendo a escada musical de madeira, bem devagar para não acordar a mamãe dele, que já estava dormindo:
Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
O quintal da casa dele ficava encostado, bem perto de uma floresta. Ele pulou a cerca e entrou no meio da mata. Estava escuro. Quando ele chegou lá no meio da mata, ele ouviu o som de um riacho. E ele precisava atravessar o riacho. Para atravessar o riacho, ele tinha que passar por uma ponte e para atravessar à ponte, ele precisava subir uma escada porque a ponte era muito alta. E ele então começou a subir a escada musical:
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Quando ele chegou lá em cima ele começou a atravessar à ponte. Olhou lá em baixo, no riacho e um jacaré estava com a boca bem aberta, esperando ele cair. Ele olhou lá de cima e gritou:
Ê, bicho feio!
Terminou de atravessar pela ponte, foi descendo a escada musical:
Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
Quando ele terminou de atravessar pela ponte, já estava bem perto de um castelo. Era um castelo abandonado. E só se ouvia o som dos ventos uivantes, as corujas e os curiangos também. E milhares de morcegos que batiam asas e gritavam. Os morcegos voavam em torno da torre do castelo e só eram vistos quando raios e trovões clareavam tudo.
Ao chegar no castelo o menino bateu na porta. Toc, toc, toc, toc, toc. Ninguém abriu a porta. Ele então, bateu com mais força. Toc, toc, toc, toc, toc. Ninguém abriu e ele então gritou:
Ô de casa!
Ninguém atendeu. Ele chutou a porta. Plac, plac, plac. E a porta foi se abrindo, lentamente. Nhéééééc. Ele foi entrando devagar e pisando sobre o chão de assoalho. Tum, tum, tum... Olhou em volta. Todos os móveis estavam cobertos com um pano branco, tudo coberto com teias de aranha.
Ê, casa feia!
Quando ele disse, casa feia, um redemoinho começou a surgir, verde e brilhante, diante dos seus olhos, no meio do salão. Era uma bruxa, com o nariz adunco, o queixo enorme e uma verruga na ponta, bem na ponta do nariz. A bruxa olhou para ele com aqueles olhos vermelhos e esbugalhados. A bruxa só tinha um dente embaixo.
O que você veio fazer aqui no meu castelo, menino?
Não é da sua conta!
A bruxa não gostou e hipnotizou o menino.
Durma menino, durma menino, durma.
O menino ficou hipnotizado. Aí ela disse para ele:
Suba a escada musical, que dá até a cozinha do castelo. E lá, você será o ajudante do meu cozinheiro, ah, hahahahahahahaha!
O menino começou a subir a escada, hipnotizado.
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Quando ele chegou bem em frente a porta da cozinha, que estava quase fechada escutou um barulho que vinha lá de dentro. - plop, plop, glup, glup... Ele então empurrou a porta para ver o que era. - Nhééééééc. Ao entrar dentro da cozinha, lá estava um gigante. Enorme, a cabeça era do tamanho de um pneu de trator, a boca era do tamanhode um pneu de ônibus, os braços eram da grossura de um poste. E ele estava segurando uma colher de pau que era quase do tamanho de um poste. O menino olhou para o gigante. E como ele estava hipnotizado não percebeu que era um gigante. Perguntou:
O que é que você está fazendo aí?
O gigante olhou para ele com aqueles dentes pontudos e quase pretos, porque ele nunca havia escovado os dentes. Olhou bem para o menino e disse:
Eu estou fazendo uma sopa de sapos.
O menino como estava hipnotizado nem percebeu e pediu para ver:
Eu quero ver.
O gigante disse:
Suba a escada musical que está encostada no caldeirão.
É mesmo, havia uma escada de madeira, igualzinha àquela que estava encostada na janela do quarto da casa dele. Ele começou a subir a escada musical porque o caldeirão era muito alto. O caldeirão era da altura de uma porta.
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Quando chegou lá em cima. Olhou. Era uma sopa grossa. O cadeirão estava cheio de sapos mortos com aquele caldo verde e gosmento em volta. O menino então, resolveu cheirar. Snif, snif, snif.
Éca!
Quando ele disse eca, o gigante não gostou. Pegou uma colher de pau que estava dentro do caldeirão, colocou um sapo morto dentro e foi levando-a em direção à boca do menino que ainda estava na escada.
Coma!
Não!
Coma!
Não!
Comaaaaaaaaaaa!
Aããrghhhhhh... O menino engoliu o sapo. Quando ele engoliu o sapo, quebrou-se o encanto da bruxa. O menino então viu que era um gigante porque não estava mais hipnotizado e gritou:
Aaaaaaaahhhhhhhhh!Desceu correndo a escada de madeira que estava no caldeirão.
Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó. Foi correndo até a porta da cozinha. Abriu e fechou a porta correndo.
Desceu correndo a escada que dava da porta da cozinha até o salão do castelo.
Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó. Foi correndo até a porta do salão do castelo. Abriu e fechou a porta. Foi correndo até a ponte. Ao chegar perto da ponte teve que subir a escada.
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Do alto da ponte (ele viu) o jacaré ainda estava lá, com a boca aberta, esperando por ele. O menino olhou lá de cima e gritou para o jacaré:
Tchau, bicho feio.
Ao terminar de atravessar pela ponte desceu correndo a escada do outro lado.
Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
Voltou correndo pela floresta até chegar em casa. Ao chegar em casa, subiu, bem devagar, a escada de madeira que ainda estava lá.
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó.
Entrou no quarto, arrumou todos os brinquedos que ele havia espalhado, colocou no lugar, dobrou as roupas que ele havia arrancado das gavetas, colocou uma a uma dentro de cada gaveta, lavou o colchão que ele havia sujado com chocolate derretido, lavou o tapete sujo de xixi, deixou tudo arrumadinho. A mamãe dele então, voltou. Viu que ele estava comportadinho e disse:
Muito bem, agora que já passou o castigo, vamos descer com a mamãe e tomar uma sopinha.
Desceram a escada musical:
Dó, si, lá, sol, fá, mi, ré, dó.
E ele aprendeu uma lição: Que menino mal educado, mais cedo ou mais tarde, acaba engolindo sapos.
Pronto, acabou a estória.