Calendário
Luiz Cláudio Coutinho
Mar de Almirante, céu de Brigadeiro,
Meu zelo, minha luz,
Dia ainda cedo, mês de fevereiro,
E a luminosidade que a tudo seduz.
Andar de brasileira, ritmo de preto,
Meu gueto, meu país.
Os dias do calendário,
E as nossas roupas no armário,
Não sabem dos verões
Que ainda estão por vir.
Mas o tempo não pára,
E ainda dispara,
Quando a gente menos espera.
Não há quem segure,
As lembranças e a idade,
O trem da saudade é veloz.
A vida leva e traz,
A gente passa e faz assim,
Levando a vida com quem gosta de ir.
O amor é novo e velho,
E agora sei o seu mistério,
É que o trem do desejo é eterno.