Canção dos Despedidos

Somos explorados no trabalho, e não só
Também somos o lixo
Lixo na tê-vê, quem lá está e quem vê
Lixo no jornal, voz do seu capital
Estamos entregues aos bichos
E o lixo produz mais lixo

E o tempo a passar
E eu a cantar
Eu também faço parte do lixo

Há quem viva bem do nosso mal-viver
Nós somos lixo
Somos só lixo
Já não há gente, há só lixo
Dispensável, descartável, reciclável
E agora parem um minuto p'ra pensar

Há que humanizar a humanidade, e não só
Há que varrer o lixo
O do Capital, que é o lixo global
O lixo do Estado, que é o seu braço armado
O mundo é de quem manda
E o resto é propaganda

Tens a boca cheia de palavras lindas
P'ra ti sou lixo
Somos só lixo
Nós não somos gente, somos lixo
Dispensável, descartável, reciclável
Mas vou para mais um minuto p'ra pensar

Vamos a casa
Ao fim do dia
Só p'ra renegar a mais-valia
Ganhar forças, fazer filhos
Cada um no seu caixote
E amanhã tomar o bote
Para o paraíso dos cadilhos

Quem é o lixo
Eles são o lixo do corpo e da alma
Como é que se pode ter calma
P'ra varrer esse monturo
Dos escombros do futuro

Curiosidades sobre a música Canção dos Despedidos de José Mário Branco

Quando a música “Canção dos Despedidos” foi lançada por José Mário Branco?
A música Canção dos Despedidos foi lançada em 2004, no álbum “Resistir É Vencer”.

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