Buzina de Boiadeiro
Todo sertão estremece no gemer desta buzina
Quando eu venho com a boiada daquelas bandas de minas
Com mais de duas mil cabeças zebu e raça turina
Fazendo poeira na estrada avermelhando as campinas.
O seu choro até parece araponga quando trina
Com o canto dos passarinhos o seu apito combina
Eu faço tremer nas folhas gotas d’água cristalina
Espanto dos ninhos as aves do campo e o gavião rapina.
Do sertão de mato grosso até santa catarina
Todos conhecem de longe o gemer desta buzina
Muitas léguas de distância quem ouve logo se inclina
Arranca longo suspiro dos corações das meninas
Eu pouso beirando as águas da nascente de uma mina
Olhando no céu bem longe as estrelas pequeninas
Pensando nas longas estradas, estradas de minha sina
Que só depois que eu morrer é que essa estrada termina.