Um Velho Cheirando a Pampa
Num caibro de corunilha
Num gancho já enferrujado
Bem na entrada do galpão
Está um lombilho pendurado
Junto a trempe e a cambona
E um laço a primor trançado
Esta um xirú barba branca
Perto do fogo sentado
Missioneiro da templa antiga
Com a cordeona bendita
Desmama uma vaneira taluda
Das do tempo do jesuíta
Lembra as missões de antanho
Tropilhas pra todo lado
Da mordaça e dos cachorros
Na caça do gado alçado
Quando a cordeona relincha
E sua alma se destampa
É o rio grande que se ajoelha
Pra um velho cheirando a pampa
Recorda estórias de tropa
Tiro de laços e pealos
Rodadas que quebrou o pingo
E sangrou seu próprio cavalo
Evoca antigas peleias
Em carpetas de baralho
Peleando com quatro ou cinco
Com o pala picado a talho
Reponta o alvoroço bruto
De guerra e revolução
Nos contra corpos violentos
De lança, adaga e facão
Uma magoa xucra pateia
Dentro do peito tapera
Tristonho ao ver que o rio grande
Nunca mais será o que era