Décima do Redomão
Fui “campereá” me cuidando
E, até meio contrariado,
Num redomão assustado
Que eu estava acostumando...
Ele já saiu se espiando,
Como prevendo um apuro!
Eu até que me “asseguro”,
Mas senti um frio na barriga
Quando ele foi para a briga
Troteando de lombo duro!
Foi se assustando de tudo,
De sombra, cocho e cancela
E, de uma pobre cadela,
Errou um coice “moeludo”!
Ainda era cuiúdo
E, quando viu a manada,
Resolveu “ topá” a parada
E se empinou, combativo,
Quando eu soltei os “estrivo”
Com medo de uma boleada!
Mas se acalmou, despacito...
Pegou o trote e o rumo
E “camperiei” o consumo
Que estava gordo e bonito
E eu, que nunca facilito,
Pois me criei perigando,
Já estava me desarmando
Ao ver que o flete, entonado,
Troteava meio cansado
Com a “peiteira” espumando!
Eu até vinha faceiro,
Pensando em qualquer bobagem,
Envolvido na paisagem
Que segue além dos potreiros;
Olhando vaca e terneiro,
Costeando sanga e banhado...
Foi quando, no descampado,
Sem aviso e meio às cegas,
Se levantou, da macega,
Um perdigão amoitado!
Oigalê, sebruno louco!
Parece que viu a morte!
Perdeu a doma e o norte
E não me perdeu por pouco!
Saiu gastando os meus “troco”,
Rasgando o campo no meio;
Parecia um tempo feio
Trovejando e escurecendo
E eu ia me defendendo
Pra não saltar dos “arreio”!
Ás vezes nos toca a volta
De se “dançá” com a mais feia;
E a trança que nos maneia
É a mesma que depois solta!
O sebruno em viravolta,
O patrão viu lá do “brête”!
Mandou castrar no piquete
E vendeu pra uma tropilha
Onde ele rasga as “virilha”
De algum metido a ginete!