Cria Enjeitada

Não tenho pressa e nem penso em ter mais pressa
Vou no meu tranco como boi na verga vai
Esse meu jeito meio rude falquejado
Herdei da vida e um pouco de meu pai

Trago lembranças das grandes matarias
Das águas puras e das sangas sossegadas
Dos vales férteis das serras e dos campos
Da natureza que era ainda respeitada

E sinto cheiro de terra após a chuva
E tantas flores perfumando sem cobrar
Do pão de forno, do apojo e da canjica
Da pitanga, da tuna e do araçá

E há em mim uma saudade latejando
Vozes de pássaros pedindo pra cantar
Gritos de bichos, sementes pequeninas
A espera de que possam germinar

Hoje a ambição fez pousada à minha volta
Plantou desertos em sementes traiçoeiras
Cria enjeitada do progresso que importamos
Batendo palmas a ganâncias estrangeiras

Só temos pressa, e mais pressa pra ter pressa
Receita louca que inventamos pra morrer
De neuroses e calmantes pesticidas
Matando a vida que esta doida pra viver

Curiosidades sobre a música Cria Enjeitada de João Chagas Leite

Em quais álbuns a música “Cria Enjeitada” foi lançada por João Chagas Leite?
João Chagas Leite lançou a música nos álbums “Campo, Pampa e Querência” em 1984 e “Jeito Brasil” em 2004.

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