Linha de Passe
Toca de tatu, linguiça e paio e boi zebu
Rabada com angu, rabo-de-saia
Naco de peru, lombo de porco com tutu
E bolo de fubá, barriga d'água
Há um diz que tem e no balaio tem também
Um som bordão bordando o som, dedão, violação
Diz um diz que viu e no balaio viu também
Um pega lá no toma-lá-dá-cá, do samba
Um caldo de feijão, um vatapá, e coração
Boca de siri, um namorado e um mexilhão
Água de benzê, linha de passe e chimarrão
Babaluaê, rabo de arraia e confusão
Cana e cafuné, fandango e cassulê
Sereno e pé no chão, bala, camdomblé
E o meu café, cadê? Não tem, vai pão com pão
Já era Tirolesa, o Garrincha, a Galeria
A Mayrink Veiga, o Vai-da-Valsa, e hoje em dia
Rola a bola, é sola, esfola, cola, é pau a pau
E lá vem Portela que nem Marquês de Pombal
Mal, isso assim vai mal, mas viva o carnaval
Lights e sarongs, bondes, louras, King-Kongs
Meu pirão primeiro é muita marmelada
Puxa saco, cata-resto, pato, jogo-de-cabresto
E a pedalada
Quebra outro nariz, na cara do juiz
Aí, e há quem faça uma cachorrada
E fique na banheira, ou jogue pra torcida
Feliz da vida
É com esse que eu vou dançar até cair
Sapatear no samba, no samba, no samba
É com esse que eu vou dançar até cair
Sapatear no samba, no samba, no samba
No samba
No samba
No samba
Pega pra capar
A Riqueza Cultural Brasileira em Linha de Passe de João Bosco
A música Linha de Passe, composta por João Bosco, é uma verdadeira celebração da diversidade cultural brasileira. A letra é um mosaico de referências que abrangem a culinária, o futebol, a música e elementos do cotidiano nacional. João Bosco, conhecido por sua habilidade como violonista e por suas composições ricas em metáforas e ritmos afro-brasileiros, utiliza a canção para pintar um retrato vívido do Brasil, com todas as suas cores, sabores e sons.
A letra menciona uma série de pratos típicos brasileiros, como rabada com angu, lombo de porco com tutu e bolo de fubá, criando uma imagem sensorial que remete ao paladar nacional. Além disso, há referências a práticas culturais como o candomblé e o chimarrão, mostrando a mistura de tradições que compõem o país. A 'linha de passe' do título é uma expressão do futebol, que também pode ser interpretada como uma metáfora para a passagem e a conexão entre diferentes aspectos da cultura brasileira.
A música ainda faz alusões a figuras históricas e locais que já não existem mais, como a Galeria Mayrink Veiga e o Vai-da-Valsa, evocando uma nostalgia pelo Rio de Janeiro de outrora. João Bosco tece críticas sociais sutis ao mencionar 'marmelada', 'puxa saco' e 'cata-resto', expressões que denotam a malandragem e as desigualdades sociais. Linha de Passe é, portanto, uma canção que, além de exaltar a riqueza cultural do Brasil, também reflete sobre suas complexidades e contradições.