A Morrença Dos Meus Cumpade

Jessier Quirino

Ninguém sabe se a morte é virgula, ponto-e-vírgula ou ponto final
No interior, quando morre um cumpade
Mas desses cumpade de alma boa e manso viver
Aí o matuto, lamentando essa perda, diz
A morte é um doido limpando mato
A morrença dos meus cumpade trata dessa edição de capa dura da vida

Mas como é que pode?
Dois caba tá vivo
Forgoso, garboso
Da vida se rir
Os coro da testa sem nunca franzir
Disposto na luta
Lutando contente
Sem mesmo tá canso de ser um vivente
Um corre pro sul mode pogridir
O outro pogrede mesmo por aqui
A morte carrega os dois indivíduo
Dá uma descurpa
Morreu por ter ido
O outro, coitado, morreu de num ir

Cumpade Coitim bateu a biela
Sem frei nas estrada, em riba dum fó
Pedim defuntou-se no mei dum forró
Honório pifou com a mão na bainha
Quem enviuvou Gorete e Ritinha
Foi João cascavé e Bento cotó
Bié de Zé Tôta fechou o paletó
Mudou-se pro céu cumpade Biliu
Cumpade Zé Danta ninguém nunca viu
Mas dizem que foi-se daqui pra mió

Quem bateu as bota foi Zé Bacamarte
Findou-se de vez cumpade Zulu
Quem empacotou-se com tanta pitu
Foi Pinga, Meloso, Meota e Topada
Ginura já tava na última morada
Quando pediu baixa o vaqueiro zebu
Foi pro beleléu nas bandas do sul
Veúca, Moreno, Ponês e Zezim
Mimosa se foi que nem passarim
Baixou sete palmos, Luis do Exu

Deu uma roleta lá no meio da feira
Juntou-se um bocado com seu criador
Deu adeus ao mundo Mané vendedor
Foi chegada a hora de Biu das jumenta
Foi pro rol dos bom, cumpade Pimenta
Biu Pêdo Firmino por fim descansou
Disseram que Nino também botoou
Sargento já foi promovido a defunto
Tiraram Cirila de lá de pé junto

Perdi meu cumpade
Não sei quando eu vou

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