Nostalgia de Um Peão de Campo
Quantas coisas diz o campo
Pra quem resolve indagá-lo
Um pano verde no chão
Pra o trote do meu cavalo
Um rancho tapera antiga
Ali se fez de morada
É um postal que nos revela
Uma saudade plantada
Um picumã no fogão
Uma cambona, cuia e braseiro
O aconchego do galpão
Pra noite que ronda cedo
E a peonada mateando
Falando de toda lida
São essas horas gaúchas
Que dou sentido a minha vida
A sombra de um paraíso
Pra uma tarde de mormaço
A gadaria assoreada
Sentindo a dor do cansaço
Um pingo da água de chuva
Sobre a flor do aguapé
E o clarim de alvorada
De um galito garnizé
Um sinuelo de tropa
Ponteando a marcha em cordoada
O compromisso da entrega
É um mandamento da estrada
Quantas coisas diz o campo
Pra quem resolve entendê-lo
São coisas que a gente traz
E guarda junto aos peçuelos