Água e Sal
Vou colher lágrimas perdidas pela vida
Frágeis espelhos de emoção de cada um
Em cada lágrima uma página escondida
Pequena história tão pessoal e tão comum
Talvez a lágrima de um velho retirante
Ainda repousa em seu poço de saudade
Talvez a lágrima de frio de uma criança
Sentindo fome em uma praça da cidade
Talvez a lágrima de sonho desse moço
Que passa inquieto uma rosa em sua mão
Talvez a lágrima de amor no olhar da moça
Quando esta rosa perfurar seu coração
Vou colher lágrimas com gosto de verdade
Talvez de um homem já cansado de lutar
Talvez de um outro que peleia e não desiste
Pois acredita ter um mundo por criar
Talvez a lágrima de um louco sem saída
Talvez a lágrima que vem no coração
Talvez a lágrima da mãe que vem em despedida
Beijando o filho que já parte na estação
Colhendo as lágrimas perdidas pela vida
Até meus olhos vejo jorrar seu ideal
Pois cada lágrima que corre distraída
É a própria alma refletida em água e sal