Nas Asas Da Solidão
Morreu uma lágrima na baeta do poncho
Dos olhos de quem eu jurei que queria
Morrer por inteiro na silhueta morena
Num beijo templado de luz e calmaria
O cheiro da pele me trouxe floradas
A paz das aguadas nos olhos morenos
Molhou de sereno tua face menina
E dormiu nos meus braços no rancho pequeno
E nas madrugadas fui o teu senhor
Escravo do amor, peão em teus braços
Geada e mormaço na luz da paixão
E o meu coração que falta um pedaço
E quando a saudade se faz bem maior
E a solidão vem dar -Ô de casa
Me abrigo nas asas do meu poncho azul
E as dores do sul vêm queimar em brasas
Me resta a esperança de sermos um só
Na paz do lugar que foi tua morada
Amantes, parceiros, confidente das penas
Pra sermos num catre parte das madrugadas
E se não vieres, vou morrer assim
E um pouco de mim há de ficar na estrada
Pra ser tua aguada, o teu pão de cada dia
E, nas invernias, teu anjo da guarda