Violeiro Bom de Pagode
Furaram a minha peneira
Não posso escolher feijão
Não posso fazer paçoca
Quebrou a mão do pilão
Não posso apanhar a rosa
Caída, está em botão
Eu não posso ir embora
Eu não deixo meu sertão
Não posso ir pra cidade
Não posso sentir saudade
Dentro do meu coração
Eu nunca vi prisioneiro
Na sela do meu burrão
Eu nunca vi lobisomem
Nem rastro de assombração
Nunca vi carro cantar
Sem chumaço em cordão
Nem bato em ponta de faca
Porque fura minha mão
Não tenho medo de espinho
Jogado no meu caminho
Eu ando de sapatão
Por uma linda mansão
Não troco a minha cabana
Não quero a linda Maria
Já tenho a linda joana
Com os meus pratos são de barro
Não troco a pro porcelana
Não troco a vida modesta
Com outra bem mais bacana
Meu serviço é na enxada
Não troco a vida pesada
Com outra mais leviana
No planeta dos macacos
Vitamina é banana
Na terra dos cachaceiros
Lavoura boa é cana
Eu não posso comprar carro
Ando na besta ruana
Eu levo a vida feliz
Aqui na minha choupana
Eu passo a mão na viola
E sai da minha cachola
Dois pagodes por semana