Não insista
Não quero mais saber do que não existe
Da vitória que não tivemos
Do campeão no futebol
Que é campeão na marginalidade
Na pobreza,
Na nossa pobreza de espírito que é maior
Não quero mais pensar
Se saber amar é o que nos falta
É a grande contradição
De quem diz que está do seu lado
E, pensando melhor, não está mais
Não quero mais saber
Do poder sem coração
E depois do discurso ainda ver
Gente brigando por um pedaço de pão
Não quero ser pobre e vazio
Não quero ser objeto de quem manda
Que lucra com a fome e a miséria
E aquele garoto que brincava no farol agora mata
E nós queremos que exista a pena de morte
Queremos matá-lo porque não teve educação
Vamos prendê-lo e humilhá-lo para ele não esquecer
Que quem nasce pobre não merece viver
E quem vive com isso ainda consegue, na humildade e na fé,
Batalhar na esperança de que o amanhã seja diferente
Mesmo que não seja