Hino da Proclamação da República
Seja um pálio de luz desdobrado
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel, que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus
Seja um hino de glória que fale
De esperança de um novo porvir
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir
Liberdade, liberdade
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre país
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis
Somos todos iguais, ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro
Brilha, ovante, da Pátria no altar
Liberdade, liberdade
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão
Mensageiro de paz, paz queremos
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra, nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer
Liberdade, liberdade
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé
O Brasil já surgiu libertado
Sobre as púrpuras régias de pé
Eia, pois, brasileiros, avante
Verdes louros colhamos louçãos
Seja o nosso país triunfante
Livre terra de livres irmãos
Liberdade, liberdade
Abre as asas sobre nós
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz
Ecos de Liberdade: Uma Análise do Hino da Proclamação da República
O Hino da Proclamação da República do Brasil é uma composição que exalta os valores de liberdade e igualdade que emergiram com o fim da monarquia e o início do regime republicano no país. A letra, rica em simbolismo e referências históricas, é um convite à reflexão sobre a importância da luta pela manutenção da liberdade e da justiça social.
A repetição do verso 'Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós' funciona como um refrão que reforça o desejo de um país livre e soberano. A menção às 'lutas na tempestade' remete aos períodos de conflitos e dificuldades enfrentados pela nação, mas também à esperança de que a voz da liberdade possa ser ouvida acima de tudo. A referência ao 'sangue vivo do herói Tiradentes' evoca a memória de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira, movimento que, apesar de não ter sido bem-sucedido, é considerado um dos precursores da independência do Brasil.
O hino também faz alusão ao 'brado do Ipiranga', momento icônico da independência do Brasil, quando Dom Pedro I proclamou o país livre de Portugal. A exortação 'Eia, pois, brasileiros, avante' é um chamado à ação e ao progresso, incentivando o povo brasileiro a seguir adiante na construção de uma nação justa e igualitária. A imagem da 'livre terra de livres irmãos' sintetiza o ideal republicano de um Brasil onde todos são considerados iguais perante a lei e têm as mesmas oportunidades de prosperar.