Não é fácil
Não é fácil ser cantor
Cantar cantigas de amor
Estar casado com uma velha bruxa
Que quando a gente se deita
Fica ali à nossa espreita
À espera de nos gastar a chucha
Nestes trinta e quatro meses
Só me comeste três vezes
Sem amor eu não me sinto sã
A continuar assim
Já não te quero ao pé de mim
Vais viver p'ra casa da mamã
Adeus, adeus, adeus, adeus,
Adeus sala, adeus casa-de-banho
Adeus, adeus, adeus, adeus,
Nesta casa não sou mais que um estranho
Nessa noite enubelada
Sigo sozinho p'la estrada
Só com a viola e uma maleta
Sem dinheiro p'ra transporte
No meio dum frio de morte
Ponho-me à boleia p'ra Fuzeta
Minha mãe abre-me a porta
E ao ver-me fica morta
Tu aqui?! Meu pobre coração!
Aturei-te vinte anos,
Tu só me causaste danos,
Sai daqui meu filho dum cabrão!
Socorro, socorro, socorro, socorro,
Anda cá meu Carlos Juvenal
Socorro, socorro, socorro, socorro,
O teu maninho quer fazer-me mal!
Vem o meu irmão mais novo
E enquanto descasca um ovo
Saca uma faca da cozinha
Grita: Fora sacripanta!
Vou-te cortar a garganta
Estás a incomodar a mãezinha!
Sem saber o que fazer
Desço a rua a correr
Tropeço numa coisa dourada
Pego na tal coisa a medo
Tento limpá-la com o dedo
Sai um gênio de turbante e espada
Olá, olá, olá, olá
Eu cá sou o Génio Aladino
Rapazola, rapazola, rapazola, rapazola
Tens direito a um desejo pequenino.
Peço p'ra ser transportado
P'ra um outro qualquer lado
Onde vivam miúdas modernas
De raça loura catita
Carregadinhas de guita
Que me aconcheguem entre as pernas
O génio olha p'ra mim
E grita: Perlimperlimperlimpimpim
Pós de alecrim e magerona
Quando acordo, ainda tenso,
Constato que sou um penso,
No meio das pernas da Madonna
Socorro, socorro, socorro, socorro,
Tirem-me, estou cego, surdo e mudo
Socorro, socorro, socorro, socorro,
Depressa antes que acabe o período!
Socorro, socorro, socorro, socorro,
Tirem-me, estou cego, surdo e mudo
Socorro, socorro, socorro, socorro,
Depressa antes que acabe,
Depressa antes que acabe,
Depressa antes que acabe o período!