O Ouro dos Arrozais

Elton Saldanha

Arrozeiro, arrozeiro
O destino deu um coice
Pra quem vivia no ouro
Do arroz cortado de foice
Era nós e os quero-queros
Quebrando as leivas da vida
O meu pai era taipeiro
E eu me criei nessa lida

Mas oigalê tempo maula
Bagualice que se foi
Aquela terra bolcada
A berro e coice de boi
Erguia parvas no braço
Num corte de quadra e meia
De noite numa bolanta
Cantava pra lua cheia

Eu era arisco na foice
Na vista erguia um taipão
Vinha cantando a cavalo
Tirando água do valo
Pra fazer um chimarrão

Foice, foice, foice, foice, foice
Foi-se o tempo que passou
Foice, foice, foice, foice, foice
Ficou a conta e a saudade me cobrou

Planta, planta o ouro
Dos arrozais
Planta, planta o ouro
Dos arrozais
Planta, planta o ouro
Dos arrozais
A gente quando planta
Sonha demais

Lavoreiro, lavoreiro
Não tem chuva, não tem frio
Cruzando com a pá no ombro
Percorrendo o taiperio
Rezando, olhando pro céu
"Pai velho, manda pra baixo!"
Pois não pode faltar água
No arroz quebrando no cacho

A colheita foi bonita
O arroz está na mesa
Mas o caderno de contas
Vem arreglando a despesa
O destino é entaipado
Chuva de pedra medonha
Nem tudo que brilha é ouro
Na safra que a gente sonha

Eu era arisco na foice
Na vista erguia um taipão
Vinha cantando a cavalo
Tirando água do valo
Pra fazer um chimarrão

Foice, foice, foice, foice, foice
Foi-se o tempo que passou
Foice, foice, foice, foice, foice
Ficou a conta e a saudade me cobrou

Planta, planta o ouro
Dos arrozais
Planta, planta o ouro
Dos arrozais
Planta, planta o ouro
Dos arrozais
A gente quando planta
Sonha demais

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