Samba-Enredo 2024 - Pede Caju Que Dou... Pé de Caju Que Dá!
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
E aí Tupi no interior do cafundó
Um quiprocó virou guerra assumida
Provou Porã, fruta do pé se lambuzou, Tamandaré
O mel escorre, olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
Por outras praias a nobreza aprovou
Nas redondezas se espalhou, tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para Seu Luiz Inácio
Nessa batalha teve aperreio
Duas flechas e no meio uma tal Cunhã-Poranga
Tarsila pinta a sanha modernista, tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É tropicália, tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor Independente
A batida mais quente, deixa o povo provar
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil
O Samba-Enredo da Mocidade e a Celebração do Caju: Uma Viagem Cultural
O samba-enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel para o carnaval de 2024, intitulado 'Pede Caju Que Dou... Pé de Caju Que Dá!', é uma verdadeira ode ao caju, fruto tropical que é símbolo de brasilidade e diversidade cultural. A letra da música é uma mistura de referências históricas, culturais e sociais, que se entrelaçam para contar uma história que vai além do simples ato de saborear um fruto.
A letra começa com uma alusão à tentação e ao desejo, comparando o ato de comer caju a um 'pecado' de tão prazeroso. A menção à antropofagia remete ao movimento modernista brasileiro, que propunha a 'devoração' da cultura estrangeira para a criação de uma identidade nacional autêntica. O samba segue narrando a história do caju, desde a sua descoberta pelos povos indígenas, representados por figuras como Porã e Tamandaré, até a sua apreciação pela nobreza e sua expansão por outras terras.
O samba também faz referências a figuras históricas e culturais importantes, como Tarsila do Amaral e Jean-Baptiste Debret, artistas que retrataram a riqueza da cultura brasileira em suas obras. A menção a 'Seu Luiz Inácio' pode ser interpretada como uma homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, associando-o à grandeza e à popularidade do caju. A Mocidade Independente, conhecida por seus desfiles vibrantes e inovadores, utiliza o caju como metáfora para a própria escola, que se apresenta como 'a cara do Brasil', destacando a sensualidade, a alegria e a energia contagiante do povo brasileiro e do carnaval.