Samba-Enredo 2024 - A Negra Voz do Amanhã
Xangô chama Iansã
Que a voz do amanhã já bradou no Maranhão
Tambor de Mina, Encantados a girar
O divino no altar, a filha de toda fé
Sob as bênçãos de Maria, batizada Nazareth
Quis o destino quando o tempo foi maestro
Soprar a vida aos pés do velho cajueiro
Guardar no peito a saudade de mainha
Do reisado a ladainha, São Luis o seu terreiro
Ê bumba meu boi! Ê boi de tradição!
Tem que respeitar Maracanã que faz tremer o chão
Toca tambor de crioula, firma no batuquejê
Ô pequena feita pra vencer
Vem brilhar no Rio Antigo, mostra seu poder de fato
Fina flor que não se cheira não aceita desacato
Vai provar que o samba é primo do jazz
Falar de amor como ninguém faz
Nas horas incertas, curar dissabores
Feito uma loba impor seus valores
E seja o pilar da esperança
Das rosas que nascem no morro da gente
Sambando, tocando e cantando
Se encontram passado, futuro e presente
Mangueira! De Neuma e Zica
Dos versos de Hélio que honraram meu nome
Levo a arte como dom
Um Brasil em tom marrom que herdei de Alcione
Ela é odara, deusa da canção
Negra voz, orgulho da nação
Meu palácio tem rainha e não é uma qualquer
Arreda homem que aí vem mulher
Verde e rosa dinastia pra honrar meus ancestrais
Aqui o samba não morrerá jamais
A Celebração da Cultura Afro-Brasileira no Samba-Enredo da Mangueira
O samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira para o carnaval de 2024, intitulado 'A Negra Voz do Amanhã', é uma verdadeira ode à cultura afro-brasileira e suas influências na formação da identidade nacional. A letra da música é rica em referências culturais e religiosas, traçando um paralelo entre o sagrado e o profano, o ancestral e o contemporâneo, e destacando a importância da mulher negra na história e na cultura do Brasil.
A canção inicia invocando divindades afro-brasileiras, como Xangô e Iansã, e menciona o Tambor de Mina, uma religião afro-brasileira do Maranhão. A letra faz alusão à cidade de São Luís, conhecida por suas tradições culturais, como o Bumba Meu Boi e o Tambor de Crioula. A menção a 'Nazareth' pode ser uma referência à cantora Alcione, nascida em São Luís do Maranhão, que é frequentemente chamada de 'Marrom' e é conhecida por sua voz potente e sua contribuição ao samba e à música popular brasileira.
A Mangueira, uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro, utiliza seu samba-enredo para homenagear figuras importantes de sua história, como Neuma e Zica, e também para reafirmar a força da mulher negra na sociedade. A música celebra a resistência e a esperança, elementos fundamentais na trajetória do povo negro no Brasil, e reforça a ideia de que o samba, assim como outras expressões culturais afro-brasileiras, é um pilar vital para a nação. A escola de samba se posiciona como guardiã dessa herança cultural, prometendo que o samba, assim como a voz e a força da mulher negra, jamais morrerá.