Que Nada
Olha a mola do mundo
Olha o cão vagabundo
porra meu quem sou eu
sou nada.
Olha o pé na escada
Olha o jornal na rua
Loucura orfeu
Tortura meu
Que nada
Sobre esta lamina
Corta a garganta
Sangra como sangra
E nada
Olha o bafo dela
Preso numa janela
Ela só ela só ela lá lá
Porra meu sou eu aqui
voce ai
larga meu
aqui sou eu nessa prisão
corro nas ruas
Pulo o muro
grampeio o seu telefone
Some e não come
Dorme e não sonha
Longe da lona sem um céu
larga deu
eu sou eu
E voce é quem
Quem sou eu
Larga deu
Vê se não entende
cabeça raspada, sem espada
Carteira vazia sem bom dia
Um louco de rua sem a rua
E eu
E eu
E eu
E eu
Vai cair na praia, de areia pura
Escura AS ONDAS de cabeça fria
Sem bom dia
Vou lá ter ver
Sem voce
Vou te pegar sem te ter
lá lá ia
Olha a onda meu
Olha o mundo seu
Deixa a crença inundar
Olha o peito seu
Não não olha o meu
As ruas estão prá lá de prá lá
Carrega no colo o solo
Na giria do mundo o surdo
Que ouve o canto do grito
e grita e grita e grita
Olha a mola do mundo
Pula pula e pula
Olha a mola do tempo
Que passa passa e passa
E voce é quem
E quem é voce, sou eu meu
No teu calcanhar
Na sola do teu pé meu
Pé é prá chutar o seu
cabeça raspada na calçada moribundo
vaganundo quase imundo
nesse mundo no seu mundo
E eu,
E eu,
Sou um pecador, sem dor e com motivos
Malandro formado nos becos
Nos becos dessas ruas
Amarguras dos becos
Mordomia não cria
E eu
E eu