Alma de Criança (part. André Ramiro)
Minha mãe saía pro trabalho eu ficava com a minha irmã
Doido pra dar um rolé de carrinho de rolimã
Gostava de soltar pipa e de jogar bola de gude
Fui um garoto levado, sinônimo de saúde
No chão de terra batida jogava minha peladinha
Sempre brincava de médico com a filha da vizinha
Com doze já trabalhava, tinha que ir pra escola
Meu primeiro emprego foi no boteco do seu mazola
Desde menor na pista, nunca fui de bobeira
Vendi bala, picolé e já fiz carrego na feira
Não vou contar caô nem dá papo de sofredor
Tenho orgulho de onde vim, do que fui e do que sou
Me lembro do primeiro beijo e do primeiro amor
No fundo ainda sou mais um menino sonhador
Vinte e oito de idade, já não sou mais um moleque
Minha aparência muda, só meu corpo é que envelhece
Cheio de esperança, lutando pela mudança
Mesmo que eu fique idoso, minha alma é de uma criança
Tenho fé nos meus princípios, a eles sou fiel
E um deles diz “é das crianças o reino dos céus”
Oxalá! eu não quero mais me preocupar
Com o que vão falar de mim ou pensar
Oxalá! só quero cantar e ser uma criança
Com coragem de ser livre pra brincar
A realidade é triste, me dói, me corrói
Ainda sonho em ter poderes e ser um super herói
Minha infância não morreu, é uma parte de mim
Ainda dou gargalhadas do chaves e Chapolin
Leio bons livros pra ser bom mc
Mas o que eu gosto mesmo é de ler um bom gibi
Filmes de terror ainda me deixam impressionado
Romantismo no cinema me deixa emocionado
Camisinha no boneco pra gata não encher a pança
Por que já sou criança que gera outra criança
A sociedade dita regras e julga pela aparência
O medo de ser ridículo apaga nossa essência
Difícil se entregar, medo de se apaixonar
Às vezes é melhor deixar o coração falar
Não podemos esquecer nossa raiz e o que fomos
Mostrar para as pessoas o que realmente somos
Cuidemos de nossos pais usando o amor supremo
Por que o tempo passa e todos nós envelhecemos
Dar valor ao sentimento, um carinho, um abraço
O bom é ser criança, ser adulto é muito chato
Oxalá! eu não quero mais me preocupar
Com o que vão falar de mim ou pensar
Oxalá! só quero cantar e ser uma criança
Com coragem de ser livre pra brincar
Uma máquina do tempo bom seria se eu tivesse
Pra voltar no tempo em que eu vivia sem estresse
Tempo de criança na lembrança é bom voltar
Pra não me perder, pra me resgatar
E pra não me esquecer de coisas que se a gente esquece
Nosso espírito apodrece sem a gente se tocar
Pra não me atirar em qualquer onda que aparece
O mergulhador só desce se o pulmão tem ar
Hoje o gabriel criança, volta e oferece
Uns conselhos ao adulto que só ouve e agradece
Entendendo tanta coisa tão difícil de explicar
Num sorriso de criança que diz tudo sem falar
Um só riso de moleque traz um leque de opções
Mil maneiras de encarar a vida e suas lições
Cada acerto, cada erro, cada enterro e cada parto
Eu aprendo no que eu prendo e também no que eu descarto
Tenho tanta coisa pra viver daqui pra frente
Tenho tanta coisa pra rever daqui pra trás
Tenho esse menino que carrego no meu peito
Que faz tudo do seu jeito e tá querendo sempre mais
Oxalá! eu não quero mais me preocupar
Com o que vão falar de mim ou pensar
Oxalá! só quero cantar e ser uma criança
Com coragem de ser livre pra brincar