Cada Prédio Em São Paulo Construído Tem o Sal do Suor do Nordestino
Se antes da grande imigração
Nordestina pra terra bandeirantes
São Paulo estava bem distante
De ser a potência da nação
O povo da nossa região
Fez São Paulo tomar outro destino
E agora em tofo chão latino
Seu primeiro lugar é garantido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Nordestinos constroem casas belas
Ganham pouco fazendo construções
Fazem casas bonitas e mansões
Só não tem é direito a morar nelas
Vão morar nos barracos das favelas
Onde a voz da esperança ecoa um hino
No lugar pobre, humilde e pequenino
Mora o homem de bem quase escondido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Em São Paulo enfrenta "construção"
Quem nasceu no Rio Grande, Dipoti,
Ceará, Alagoas, Piauí, Paraíba
E pernambuco, Leão, Sergipe, Bahia,
Maranhão
Esse povo de espírito campesino
Com serrote, martelo, pá e pino
Em seus braços São Paulo foi erguido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Eu que vinha a São Paulo imaginando
Quem encontrar a fortuna e a riqueza
Faz do fraco transporte e da pobreza
Continua até hoje viajando
Trabalhei de servente transportando
Ferro, pedra, cimento e bloco fino
Construí catedral, altar e sino
Hospital e cadeia pra detido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Quem passar em São Paulo o dia inteiro
Vai ver gente de capa, bota e luva
Que parece um carreiro de saúva
Transportando besouro ao formigueiro
Todos correm em busca do dinheiro
Na corrida no alto o seu destino
Imigrante, cansado e peregrino
Solitário, tristonho, arrependido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Como é triste se ver nosso roceiro
A deixar o seu povo e seu lugar
E ser obrigado a trabalhar
De servente, ajudante de pedreiro
Tentando ganhar algum dinheiro
Pra o sustento de um filho pequenino
E da queda de prédios do granfino
Ninguém conta os irmãos que tem morrido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
É preciso ensinar nosso povão
Exigir que os nosso governantes
Acabem com as cenas humilhantes
Que nos ferem diante da nação
O nordeste precisa irrigação
Indústria, saúde e mais ensino
Esse chão de errante peregrino
Merecia ser mais reconhecido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Nordestino valente e lutador
Pela seca terrível escorraçado
Por ser vítima da seca é obrigado
A deixar quem lhe trata com amor
Deixar a terra que tem a sua cor
Sapecada do sol esmeraldino
Troca a cor do vermelho purpurino
O cenário opaco e poluído
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino
Nordestino valente e que é guerreiro
Que imigrou pra São Paulo e que venceu
Que deu duro, plantou, depois colheu
Que gera emprego ao povo brasileiro
E nas terra do sul é o primeiro
De empregado passou a ser granfino
Mas se orgulha der um nordestino
E acolhe um irmão oprimido
Cada prédio em São Paulo construído
Tem o sal do suor do nordestino