Negro Ciúme
Quando vieram dizer-me que fui traída
Senti-me só e vencida, chorei, confesso
E como louca fiquei para ali a um canto
Vertendo o amargo pranto que nunca esqueço
Pois ver a gente a derrocada dum sonho
Ao sopro vil e medonho duma paixão
É sentir lume, ódio rancor, negro ciúme
E jamais acreditar numa paixão
Não há dor mais profunda mais triste
Que a da mulher trocada por outra mulher
É veneno, é ciúme que existe
P'la mulher desprezada por quem adora e quer
Onde outrora era dia risonho
Cai a fria noite negra e sem luar
É tão triste meu Deus, tão medonho
Que eu canto esta dor, c'oa alma a chorar
Fui ter com ela e o que lhe disse não sei
Sei apenas que chorei de raiva e dor
Pois nos seus olhos bailava a negrura enorme
Dum coração frio que dorme sem ter amor
E uma praga lhe roguei em pleno rosto
Que Deus lhe desse um desgosto igual ao meu
E hoje ao ver-me, essa mulher foge de mim
Meu amor voltou p'ra mim, e ela sofreu