Jardim dos Animais (Paraíso)
Amanhece na luz da campina
Anoitece no meu coração
Tanta terra cabe nessa rima
Só não cabe minha solidão
Maninha, meu amor
Onde é que eu vou?
Qual o caminho
Há de haver lugar
Pra iluminar
Nosso carinho
Eu quero todo teu amor
Que todo mundo saiba
Quero muito fogo
Pra toda essa palha
Quero um verso novo pra continuar
A fera quer que o mundo morra
E todo mundo corra
Vem rasgando dólar
Vem cuspindo bala
Queimando as estrelas
Respirando gás
Assim a minha natureza não aguenta mais
Fazer amor, fazer amor
No paraíso
Fazer a luz do teu sorriso é natural
Correr atrás do teu amor
Tão sem juízo
Viver contigo no jardim
Dos animais
Por isso o coração dispara
Quando você chega
Minha noite é cega
Meu sonho é de brasa
Eu erro de casa
E volto sem chegar
Perigo é tudo que separa
A dor e o sorriso
Porta do inferno
Luz do paraíso
Quando te procuro não encontro mais
Aí a minha natureza não aguenta mais.
A Busca pelo Amor e a Crítica Social em Jardim dos Animais (Paraíso) de Fagner
A música Jardim dos Animais (Paraíso), interpretada pelo cantor e compositor brasileiro Fagner, é uma obra que mescla sentimentos de amor e crítica social em sua letra. A canção inicia com uma descrição poética da natureza e da solidão do eu lírico, que parece estar em busca de um lugar onde possa compartilhar seu amor e carinho. A referência à 'luz da campina' e ao 'anoitecer no coração' sugere um contraste entre a beleza do mundo natural e a escuridão da solidão que o personagem sente.
No decorrer da música, Fagner expressa um desejo ardente por um amor que seja conhecido por todos, utilizando metáforas como 'muito fogo' e 'verso novo' para ilustrar a intensidade e a renovação que esse amor traz. No entanto, a canção também apresenta uma crítica contundente à destruição causada pela ganância humana, simbolizada pela 'fera' que deseja a morte do mundo, rasgando dólares e cuspindo balas, numa clara alusão aos conflitos e à degradação ambiental.
O refrão da música traz uma imagem idílica de fazer amor no paraíso, que contrasta com a realidade dura apresentada nos versos anteriores. A busca por um amor puro e a fuga para um 'jardim dos animais' representam um anseio por um refúgio da violência e do caos do mundo moderno. A música, portanto, reflete sobre a dualidade da experiência humana, onde o amor e a beleza natural coexistem com a destruição e a dor, e o eu lírico se encontra perdido entre esses extremos, buscando um equilíbrio que parece cada vez mais difícil de alcançar.