Estrada do Sertão
Coisa que não arrenego
Nem tão pouco desapega
Ter gostado de você
Foi gostar desenxabido
Encruado e recolhido
De ninguém se aperceber
Matutando vou na estrada
Nos meus óio a passarada
Faz um ninho pra você
Juriti me espreita triste
A jandaia não resiste
Chora junto por você
Nos teus óio faz clarão
É um verde, um azulão
Tiê sangue furta cor
Que me dá desassossego
Me suga que nem morcego
Mangando que é beija-flor
Não me encrespe a vida assim
Já me basta o que de mim essa vida caçoou
Não me faz essa graçola
De me abrir essa gaiola
Pra depois não me prender
Canta firme juriti
E me entoa uma canção
Sabiá me roça aqui
Bem de junto ao coração
Pousa aqui meu colibri
Vê se tu tem pena d'eu
Quero ser seu bacuri
Quero ser de vosmecê
Quanto mais se desfeiteia
Me despreza, mais me arrasto pra você