Ainda Tenho a Morte Inteira Pela Frente
Psicodelias
Debaixo dos viadutos eu vejo várias telas expostas pelos nossos artistas
Precisamos de tinta nos poros e também nos muros da vida
A minha espontaneidade às vezes fala por si própria
Mas às vezes eu não falo muito
Só observo
Ao servo dos atos e os atos que nos servem bem
Vem como se fosse
Uma face sem máscara na reta das faces desmascaradas
Se a morte vem de foice eu vou de fronte
Que ela seja como o horizonte
A cada passo dado pra frente que ela fique mais longe
Ou então que ela venha logo a galopes
Que no dia eu vestirei minha melhor polo
E ela colocara o seu melhor decote
Se me encontrar no chão, por gentileza, coloque uma moeda no meu shorts
Para ajudar a pagar o bote
Se for forte, me carregue no colo
Mas não me guarde nesse solo cheio de agrotóxico
Nem me jogue nesse mar oleoso
Cremem meu corpo
Alimentem os corvos e deixe que o resto de minhas pequenas partículas
O vento as dispensa nos lençóis maranhenses
Ou na rachadura do solo nordestino
Que eu caia num plantio de ópio ou numa plantação de maconha
Tanto faz se for em Tóquio ou então em Fernão de Noronha
Desde já, Jah Jah, eu já deixo o meu disponha
E também uma chave com o endereço de um armário cheio de poesias medonhas
Se lhe enfadonha, ou lhe empanzina, há retrospecto em tudo que lhe foi dito
Por obséquio, pule do tédio, quebre um prédio e plante uma árvore
E plante uma árvore