Anuário

Bruno Drumond

Atrás dessa foto mistério desfaço,
Sem ter no acaso um fardo a pesar.
Estando descalço miséria disfarço,
Em panos veludos, farrapos no olhar.


Conservo discórdia e semeio espanto,
Não há oceano em que possa vagar.
Aqui ou distante meu peito ofegante,
Encerra no tempo seu gosto por paz!


São os ponteiros do relógio que perseguem o fim.
Enquanto os dias comemoram, não se sabe o que.
Há meia-hora ou dez minutos não pude sentir,
Mas muitos números me restam pra tentar fugir.


Eu congelei minhas pulsações por você:
Minha intenção peculiar de viver.
Mais um segundo pra que eu possa guardar,
Essas memórias que não irão se calar.


De servo a rei.
Escravo do que posso ser.
A chama acesa vai queimar o meu pecado maior
E só assim eu poderei voltar a sorrir!

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