Feridas Femininas
Sensíveis sonhos
Brotam flores
Pra gerar frutos
De ternura
E a vida seria
Mil cores
Em ritos que as fêmeas
Se destinam
Mas flores
São marias
Que se empenham
Dia e noite
Com seu cheiro
De vida
E gordura de comida
Um pó de arroz no rosto
Um sonho de donzela
Esperando frustrado príncipe
O carrasco do seu ninho
A via sangra na agonia
De dar a luz no inferno
Pra anjos ser homens de terno
E como reverso de um aborto
Os hematomas dos seus sonhos
Dão a luz esses meninos
Que rompe o berço do destino
Na mágoa da luz divina
E dor da ferida feminina
Da ferida feminina
Maria da paz, Maria das dores
Maria do amparo, Maria piedade
Maria de Jesus, Maria do socorro
Maria da luz, Maria da penha
Dona Maria da penha
Pede perpétuo socorro
Piedade por dar a luz
Sem amparo e sem paz
Sandras, marinas ou saras
Sonias, cristinas, dolores
Todas marias só fazem
Parte de um buquê de flores