O rio e eu
Ao ver o rio correr bravio me perguntei
Por onde andam estas águas mal domadas
Eu sei que às vezes são serenas como asas
E às vezes tensas como potros em debandada
Ser como o rio me faz pensar num pago novo
Andar e andar, sem ter licença e nem fronteira
Poder cruzar terras sem dono ou proibidas
Vagar solito, ser remanso ou corredeira
Vestir a luz do sol em tons de colorado
E murmurar uma cantiga à luz da lua
Abrir os braços em abraços caborteiros
Ao afagar o ventre da pampa xirua
Vou como o rio sem ter desejo de voltar
Sem vacilar, seguindo o rumo que ele mande
Talvez um dia eu seja água em branca espuma
Jorrando livre no vazio de um salto grande