Alma

Respiro para controlar
A ânsia de encontrar
Algum instante entre o tédio e o sofrer
Lembrar: Tenho um corpo
Qual será seu verso?

O cinzel talha a pedra
Em meu peito
Cada um sente o que é

O lápis marca a folha
Na minha cabeça
Ninguém sabe o que é

Ausência que é estar aqui
Renunciar o que não se tem
Limites que libertam
De um desejo sem fim

Nada terminou agora
Sempre é tempo de recomeçar
Esquecer de mim
Tornar-me quem sou

Ausência que é estar aqui
Renúncia que não me contém
Limites que libertam
De um desejo sem fim

Sem apego, deixar-se viver
Enfrentar meus demônios
Saber seus nomes

Movo os móveis ao meu redor
Mudo a direção
Doem os músculos que movo
Para respirar

Morro aos poucos, sem dó
Mudas vingarão
Dou ao mundo meu esforço
Para melhorar… Um pouco

Vagar obstinadamente
Sem perda de tempo
Deixar meu lugar
Ir ao meu encontro

Quem me diz o que preciso?
Quantas vozes na minha cabeça!

Viver é guardar algo que não se tem
E esperar algo que não vem

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