Meu Amor, Santa Tereza
São quase seis da tarde
O bonde tá que já nem cabe guri
Depois de um geladinho na estação
A gente pode subir
Bondinho é tão gostoso!
Corre não. Sobe bem
Pras Naves e Prazeres
Pois o chopp também
E os bondinhos vão partindo
E os choppinhos vão saindo
Eu vi, na esquina co'a Santa Cristina
A mão divina esculpir
Rapaz, que coisa louca
A flor-de-boca e o olhar
Como eu nunca vi
Passei meu Vista Alegre e o França
Até os Dois Irmãos
Voltei no mesmo bonde e tava lá a inspiração!
Escadaria da André
Que bonita ela é
Caramelos, braços belos
Debruando o branco do vestido
Tetas tesas recheando e retesando a teia do tecido
Que ousadia! Que beleza!
Me perdoe, ao pobre, a poesia
Meu amor, Santa Tereza
Cada curva dela te copia
Só vi, no Paula Mattos, pé tão lindo
Em capoeira no ar
No Morro da Coroa
O samba faz tão fina flor batucar
Curvelo, é o zigue-zague
Nos seus pelos pincel
E o Largo é seu sorriso
É o Guimarães do Miguel
Lagoinha, veste o céu
E o Silvestre, verdes véus
Longe o Cristo, a Carioca lotou
Seis da tarde, olho no trilho eu estou
Lá vem ela! Ave Maria no Morro!
A estrela d'alva aterrizou!
Encarnou!
Longe o Cristo, a Carioca lotou
Seis da tarde, olho no trilho eu estou
Lá vem ela! Ave Maria no Morro!
A estrela d'alva aterrizou!
Encarnou!