Silêncio Na Multidão
Aqui estou eu, há meia hora parado no cruzamento da Brigadeiro Luiz Antônio com a Avenida Paulista.
Pensando. Simplesmente pensando.
Comprei um refrigerante, tomei um gole, e continuei a pensar.
Nesse tempo que eu parei aqui tantas pessoas passaram por mim: empresários, mendigos, boys...
E até o zé doidim, que eu mesmo reconheci!
Pessoas com mundos totalmente diferentes, mas que, naquele momento, naquele cruzamento, se cruzaram!
Interessante, né?!
Todos os dias, em vários lugares, milhares de pessoas se cruzam mas não se falam, pois não se conhecem, e nem ao menos se importam com isso.
Eu vejo ali na frente um mendigo barbado.
Ele simplesmente pára e grita:
- Aaaaaaaaahhhhhhhhhh!!!
Um grito de liberdade para a multidão, pois ele não agüenta mais viver sozinho na escuridão!
Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em agonia e solidão.
Dói no coração ver meu povo silencioso.
Penso.
Naquele momento, naquele cruzamento, tanta solidão em movimento.
Olho, para o mendigo em seu lamento, e ainda ouço o eco do seu grito.
Ando, paro e respiro...
E fico comigo, confabulando: será que são apenas corpos vazios?
Ou será um engano?
Não. Engano não.
Eu sinto no ar o silêncio na multidão!
Eu vejo as pessoas que passam por mim, que falam, que ralam, que gritam em agonia e solidão.
Dói no coração ver meu povo silencioso.