Tropeiro e Tormenta

Magnus Gaspar / Régis Marques

Dia de chuva, cubra o teu corpo vivente
E encilhe o pingo, não pare pra descansar
O tempo é feio, enrusgado, é traiçoeiro
Cumpra tua rota de sua tropilha guiar...

Sou estradeiro, ao pasto ao longo enxarcado
Nem a enxurada, tormenta, me faz sestiar
E no horizonte, cruzando cerca e banhado
Destino é poncho molhado, pra tropa não se estravia

Eira, eira boi, eira boiada
Dessa tormenta, um tropeiro não escapa
Eira, eira boi, eira boiada
A passo largo, deixando marcas na estrada

Nesta tropiada, parceiro sejas valente
E calce os ferros, pro gado não assustá
A noite é fria, mal domada, é traiçoeira
E o Patrão Velho, do céu, irá te guiar...

Por ser campeiro, me enforquilho, vou pra aguada
Nesta tropiada, descambando água do céu
Vamo tropiando, por mais que o tempo desande
Num trote levo o Rio Grande, debaixo do meu chapéu

Eira, eira boi, eira boiada
Dessa tormenta, um tropeiro não escapa
Eira, eira boi, eira boiada
Ouço São Pedro, dando um era pra invernada

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