Manhã de Inverno

É tempo de fogo grande, de dar serviço a cambona
Que chiando vai chorona num pai de fogo queimando
Corunilha desmanchando no brasedo que se entona
Pra manhã que é macharrona onde o sol sai cabresteando
Os olhos minhas vertentes, as sangas da própria alma
Miram a aurora em calma que o dia salta e se arrancha
E o orvalho se desmancha nas brasas do sol nascente
Que vai clareando imponente co’a manhã que pede cancha
Vem se achegando o inverno, é tempo em que a madrugada
Serve de abrigo pra geada que nasce no parador
Quem foi pousada de flor na vastidão da invernada
Hoje anuncia gelada a manhã de um mateador.
Os ponchos ganham vida pela moldura dos ombros
Os arreios ganham lombos e os “garrão” um par de esporas
Feito os centauros de outrora carrego o laço pra o tombo
Desses que abrem rombos quando sai porteira a fora
Depois ao tranco pra lida, topando bruta inverneira
Empurra a zaina escarceadeira que nas rédeas ao tranquear
Parece até navegar nos mares verdes da fronteira
Que arrepia a alma inteira quando sopra o Campomar

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