A Flor e o Espinho

Fui escravo em outros tempos,
Fui Vassalo em outra vida
Domador sem ter cavalo
Potro Xucro em recolhida.
Já fui rei dono do mundo
Estancieiro em sesmarias
Já ganhei todo o ouro
Que nem sei se merecia.
Venho numa vida repartida,
Doce e fel contraponteando,
Minha sina e meu passado
Venho recordando outros sonhos
Que alolargo eu pensei ter conquistado
Trago na minha alma este jeito
De ouvir os meus silêncios
Que hoje tenho de herança,
Sigo recolhendo pela estrada
A flor e o espinho que colhi pelas andanças.
Me criei a campo largo
Gostando do mais singelo
Das ovelhas esquiladas
Pro patrão iam os velos
Hoje sei na minha crença
Que a vida vem de herança
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E o que eu não tive um dia
Sonharei na minha andança.