Com a Vida nas Regeiras

Minha junta colorada
bate aspa e não se “afroxa”.
Os canzis de pitangueira
e o colar rude das brochas
unem forças pela canga
pra vencerem toco e rocha.
“Olha o rego, Tarumã!
Firma a perna, Cambará!
Está longe a cabeceira,
mas a gente chega lá!”.
Treme a terra pedregosa
Co’as “raiz a rebentá”.
Ricos bois! Tão peleadores!
Serviçais da lida agreste.
Co’as ponteiras do arado
na poesia eles investem.
Já lavraram tantos versos
pela Serra do Sudeste…
Num “oôche”, os bois vaqueanos
chegam firme ao fim da verga.
Na aguilhada, o boi de fora
busca a volta, não se nega;
vou na orelha do de dentro:
“fastra”, alinha e já se pega.
Viro o ferro do arado,
“clavo suerte” sobre o chão.
Passa um toco, os bois já param
pra escaparem do tirão.
Braço firme, sempre atento,
nunca deixo camalhão.
Com a vida nas regeiras
e na ponta da aguilhada,
traço versos sobre a terra
rima crua emborcada
nas estrofes dos cercados
dessa antiga Encruzilhada

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