As Medidas do Sertão

Adezio Dias / Antonio Patrocinio

Quem não conhece as medidas, usadas lá no sertão
Do tempo que vivi lá guardei na recordação

A braça contem dez palmos, palmo é a extensão da mão
Com doze braças quadradas se mede um tarefão,
Pra capinar de enxada caboclo tem que ser bom,
Não pode cortar o milho, abóbora nem o feijão
E se amassar o mato é malandro e embrulhão

Quem não conhece as medidas, usadas lá no sertão
Do tempo que vivi lá guardei na recordação

Um carro são dez cargueiros, um cargueiro é oito mãos
A mão é sessenta espiga de milho bem graudão
É uma carga pesada o carro afunda no chão,
Com quatro juntas de boi o carro canta no grotão
Nos dias de sol bem quente chega queimar os cocão

Quem não conhece as medidas, usadas lá no sertão
Do tempo que vivi lá guardei na recordação

Um alqueire é cem litros assim que mede o grão
Vinte e cinco litro é a quarta de milho, arroz ou feijão
Quinze quilos é uma arroba, o peso de três leitão,
Assadinho a pururuca pra gula é uma tentação,
Gordura escorre no queixo engraxando o coração

Quem não conhece as medidas, usadas lá no sertão
Do tempo que vivi lá guardei na recordação

Não se conhece a medida
Para medir a paixão só sei que ela não pode
Ser maior que a emoção, se a paixão extrapolar
Pode ser a perdição,
A paixão nos leva ao crime por ciúme ou posseção
A medida mais cruel é os sete palmos do chão

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