Refugiados

Carlinhos Vergueiro

Depois da fronteira está o recomeço
Para os que não couberam no berço
Assim o grande poeta escreveu
Tratava de quem preferiu a partida
No labirinto descobriu a saída
Deixando pra trás o lugar de nascença,
A guerra, a descrença e a degradação.
Achou um país a que hoje pertence
Onde diz livremente o que pensa
E só vence quem tem razão.

Por mais que insanos governantes
Maldigam e persigam imigrantes
Estes caminhantes passarão
Por cima, por dentro, por baixo do muro
Sem paradeiro, andando no escuro
Eles um dia chegarão
Ao derradeiro país do futuro.
Wonderland antes de chegar
E na chegada, talvez, Canadá.

Uma pátria tem que ser escolha
E não palavra-tinta na folha
De passaporte ou certidão
Uma pátria nova tem muitos nomes
Não lhe bastará o renome de nação
Negra, branca ou vermelha
E terá cores e raças parelhas
Que este vasto mundo ofertar
Nossa, minha, tua, pátria nua,
Redescoberta, incerta
Pátria aberta, pode entrar!

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