Dois Corações
Da idade de doze anos
José e Maria se amavam
Mais o véio pai da moça
Com isso não concordava
Nas cartas que ele escrevia
Com tristeza ela contava
E' mió nóis dois fugi
Outro jeito não achava
Combinaram de encontrá
Na mata do Tombadô
Maria saiu de casa
A má sorte acompanhô
Bem na vorta do caminho
Uma onça lhe pegô
Só o seu chalinho branco
No lugar ali ficô
José conheceu o chalé
Pela mata foi entrando
A trança dos seus cabelos
Na picada foi achando
Chegou na bera do rio
Dotro lado foi nadando
E numa gruta de pedra
A onça tava esperando
José viu Maria morta
Dentro da gruta pulô
Puxô do seu revorve
Nessa hora ele negô
arrancô do seu punhá
e com fera lutô
e treis corpo ali sem vida
dentro da gruta ficô
E chegô uns caçadô
José inda pode falá
Avise a minha famia
Que eu não posso mais vortá
Maria morreu por mim
Por ela eu devo findá
Não casemo aqui na terra
Lá no céu nóis vai morá