Cobiça nua
Na invernada da memória
que num relato sem luxo
Mostraste um lado ternura
que se oculta no gaúcho
Campeei a origem da história
mescla de força e candura
De paixão, amor e vitória
no peito desta gaúcha
Eu que já fui companheira
já pari braços da terra
Na rude lida campeira
já dei meu sangue pra guerra
Eu te quero por inteiro
qual singelo Mal-me-quer
Me fiz a cobiça nua
do campeiro a flor mulher
Nas lindas noites do Pampa
contra a silueta da lua
Quando vejo a tua estampa
a verdade é dura e crua
Nestes teus beijos sem fim
sinto em meu corpo Charrúa
A grandeza da ternura
vibrando dentro de mim
Em ternos desassossegos
volúpias sobre pelêgos
Fiz de ti meu taura, meu macho
Meu homem, meu sedutor
Eu sou a fêmea Charrúa
só assim eu serei tua
Eu sou a cobiça nua
A própria deusa do amor