Canção Contaminada
Não sei mais se foi à noite
Uma bomba, ou ao sol se por
Contaminada uma canção
Sob ataque em um computador
Uma palavra salta fora
Mostra sem pudor a sua engenharia
É tão reconhecível o teu corpo, a tua mão, o teu suor
E não sei mais de quem não é
Contaminados, um, dois, três, quatro, cinco mil
Declarados contra
Outros de perfil e poucos a favor
Isso rouba tempo
Se desfaz segundos
Não me escondo mais
Saio pelos fundos
Te levo em meu peito
Não olho pra trás
Coisas distorcidas são cuspidas
Por um velho amplificador
Futurologias, sabedouros
Onde nasce a mais vil teoria
A que conspira
A que se exibe - a nova ameaça do terror
Teclo em desatino
A pétala macia de uma louca flor
Nesse caminho eu me vou sozinho
Pra não se saber só de mim - poesia é para um outro fim
É tudo tão assustador
Quem sou eu nessa miríade
Pelo microscópio desse estupor?
Tudo o que se vê e sente no sonho de todos
Um desconhecimento, o desprezo, uma droga ruim
Um pesadelo ensurdecedor
Desfragmenta-se o que se é
Não há nada mais aqui
A imagem que avança interrompida, um deja vu
Contraceptiva forma de não ser mais
De não ser mais
De não ser mais o amor
Isso é o que nos mata
Em poucos segundos
Não te esconda mais
Saia pelos fundos
Me leva em teu peito
Não olhe para trás