Raimundo Firmino

Telo

Olha só quem vem ali. Tá de volta, é o Juriti


Meu nome todo é Raimundo Firmino Antonio Pereira
Te rasgo de cima a baixo sem nem usar minha peixeira
Prefiro as menina linda, não dispenso as feia
Arrancador de cabaço, enfafador de buceta!
Tenho uma renca de filho, pois num bato punheta
Fui capanga, jagunço, matador, boiadeiro
Então não bole comigo, que eu sou ligeiro no tiro
Se falhar no gatilho eu te arrebento é na peia
Chame lá quem quiser ninguém vai ficar de pé
Só com o vento do meu murro eu já derrubei um muro
Chame lá teu pai também, eu brigo é com mais de cem
Seu avô, já não quero, porque respeito os mais véio, véio, véio...


Sempre embrenhado no mato no meio da fazenda
Meu pai também era jagunço, minha mãe rezava novenas
Até que teve o dia que o meu patrão descobriu
Que a sua filha amada tinha me dado o xibiu
Só pra armar uma tocaia, se embrenharam na trilha
A patroa revoltada bateu foi muito na filha
Veio atrás de mim, querendo pelar meu coro
Pôs minha cabeça num prêmio
Meu velho, por pouco eu não morro!
Vieram bem mais de dez, eu e Deus sozinho à pé
Desarmado, indefeso, sempre assim não tenho medo
Minha patroa é tão ruim, vem dar chicotada e mim
Tomei o chicote, dei-lhe um tombo e meti chicotão no lombo
Toma, toma, toma, toma chicotão no lombo
Toma, toma, toma, toma chicotão no lombo
Toma cachorra, toma chicotão no lombo!

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