Habeas Corpus
Um pingo de chuva estourou na pedra de gelo do meu whisky
Eu lembrei de ti, que sempre quer botar
Pingos de I em ípsilon. Ih, o que é que há?
Parece até que eu sou um livro mal escrito
E que você é uma caneta cor vermelha
Rasurando o que não aceita nem consegue decifrar
Outras vezes você tenta feito louca rasgar as minhas páginas
Mal eu esqueço do que lembrei, você aparece: olá!
Olá coisa nenhuma é o que me diz
Roubando meu whisky pra falar
Que eu te beijo como Judas beijou Cristo
Pois levo um tempo a imaginar como seria
Com que e quando eu trairia o que eu
Jamais jurei te dar
Põe na minha boca palavras que não são minhas
Com voz trêmula e trágica
E me ameaça quando diz: Eu vou embora
Vá, você tem seu direito de ir e vir
Mas eu tenho o meu de querer ficar
Não precisa de um pedido de habeas corpus
A porta está aberta, tchau