Boas Festas
Anoiteceu
O sino gemeu
E a gente ficou
Feliz a rezar
Papai Noel
Vê se você tem
A felicidade
Pra você me dar
Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel
Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem
Oh, anoiteceu
A Melancolia Natalina em Boas Festas de Assis Valente
A canção Boas Festas, composta pelo brasileiro Assis Valente, é um clássico natalino que, ao contrário do que muitos podem esperar, carrega uma mensagem melancólica e reflexiva. A música foi composta na década de 1930, um período de grandes desafios sociais e econômicos no Brasil, marcado pela crise do café e pelas consequências da Grande Depressão. Assis Valente, conhecido por suas composições que muitas vezes traziam críticas sociais veladas, utiliza a figura do Papai Noel como metáfora para discutir a desigualdade e a falta de esperança.
A letra começa com uma cena típica do Natal, com sinos e orações, mas rapidamente se volta para a figura de um Papai Noel que parece não atender aos pedidos de felicidade. A inocência da crença de que todos são 'filhos de Papai Noel' e, portanto, merecedores de felicidade, é confrontada com a dura realidade de que a felicidade pode ser um 'brinquedo que não tem', ou seja, algo inalcançável para muitos. A repetição do verso 'Anoiteceu' pode simbolizar o fim da ilusão e o cair da noite sobre as esperanças.
A música, apesar de ser tocada em festividades, convida o ouvinte a uma reflexão mais profunda sobre as desigualdades sociais que persistem, especialmente em tempos de festa, onde a alegria é muitas vezes uma expectativa. A composição de Assis Valente é um lembrete de que, para muitos, a realidade é bem diferente do ideal propagado pelas festas natalinas, e que a felicidade pode ser um desejo ainda não atendido. Boas Festas é uma obra que transcende o tempo, mantendo-se relevante em sua mensagem e emoção.