500 Anos de Contradição
Quando o primeiro português pisou nesta terra
Quando o índio aceitou a bugiganga e a balela
Colonização maldita
O domínio de um povo nas mãos do jesuíta
Terras que são de todos não pertencem a ninguém
Fronteiras inventadas, nossa gente vista como fantasma
Colonização-padrão que extermina nossa cultura
E nossa força, ignorância
500 anos de contradição, e a ferida
A ferida sangra, o povo agoniza
Pra te conformar vai aqui uma birita
Entretenimento massivo
Futilidade anestesia, te torna morto-vivo
Drogas, jogo, a escola é o esgoto
No meio disso tudo cresce mais um garoto
Mais um presidente sobe ao poder
A propaganda reacende a chama
Faz-te esquecer todas as promessas não cumpridas
Do massacre e repressão que sofremos dia-a-dia
Resistência quilombola de ontem, periferia de hoje
Não muda o cerco pra quem vê de longe
Mente doente, vida de sanguinário
Psico-cego, não quer ser mais que carrapato
E o capacho, debaixo, tratado no esculacho
Pode parar essa porra que tá tudo errado
Não existe lado bom pra se apontar num naufrágio
Aí polícia, a sua história é a mesma de quem paga o pato
Aí me diz se vale a pena matar teu próprio povo
Será que vale a pena errar tudo de novo?
Atirar e esmagar a sua raça
Será que vale a pena semear a sua desgraça?
Ser capitão do mato na selva de pedra
Na moral, a diferença é só que a arma é mais moderna
E atrás da farda, seu guarda? Sua pele é parda
Pô, pô, pô, matou
Vagabundo e polícia é parda a pele, pára! Pelo amor de Deus
Polícia, deixe-nos em paz!
500 anos de escravidão
500 anos de contradição
Polícia, deixe-nos em paz