Na Baixa do Sapateiro
Ai, amor ai, ai
Amor, bobagem que
A gente não explica ai, ai
Prova um bocadinho, oi
Fica envenenando, oi
E pro resto da vida é um tal de sofrer
Ô lará, ô lerê
Ô Bahia, iaiá
Bahia que não me sai do pensamento
Faço o meu lamento, oi
Na desesperança, oi
De encontrar nesse mundo
O amor que eu perdi na Bahia
Vou contar
Na Baixa do Sapateiro
Eu encontrei um dia
A morena mais frajola da Bahia
Pedi um beijo, não deu
Um abraço, sorriu
Pedi a mão, não quis dar
Fugiu
Bahia, terra de felicidade
Morena, ah morena
Eu ando louco de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outra morena
Igualzinha prá mim
Ai Bahia, iaiá
Saudades da Bahia: Uma Análise de Na Baixa do Sapateiro
A música Na Baixa do Sapateiro, composta pelo icônico Ary Barroso, é uma expressão de saudade e amor pela Bahia, um dos estados mais emblemáticos do Brasil. A letra da canção reflete uma mistura de sentimentos que vão desde a paixão até a desilusão amorosa, tudo isso ambientado na rica cultura baiana. Ary Barroso, conhecido por suas composições que exaltam o Brasil, utiliza a música para transportar o ouvinte para as ruas vibrantes da Bahia, mais especificamente para a Baixa do Sapateiro, uma área conhecida em Salvador.
O refrão da música destaca a intensidade do amor, que é descrito como algo que, uma vez provado, deixa uma marca eterna. A repetição das expressões 'ai, ai' transmite uma sensação de lamento e anseio, que é amplificado pela menção à Bahia, lugar que o narrador não consegue tirar do pensamento. A música evoca a nostalgia de um amor perdido e a esperança de reencontrá-lo, uma temática universal que ressoa com muitos ouvintes. A Bahia é retratada como um lugar de felicidade e beleza, onde o narrador teve um encontro marcante com uma 'morena frajola', uma expressão que denota uma mulher atraente e esperta.
A canção também faz referência ao Sinhô do Bonfim, uma alusão ao Senhor do Bonfim, uma figura religiosa católica sincretizada com divindades do candomblé, cuja igreja em Salvador é um importante símbolo cultural e religioso. O pedido ao Sinhô do Bonfim para encontrar uma nova morena igual à que perdeu é um exemplo da maneira como a religiosidade está entrelaçada com os aspectos cotidianos e afetivos da vida na Bahia. Na Baixa do Sapateiro é, portanto, uma homenagem à Bahia e ao amor, capturando a essência de um lugar e de um sentimento que, uma vez experimentados, deixam um rastro de saudade e desejo.