Vida de Pobre
Tô ficando véio, tô ficando fraco
Tô encolhendo o pinto, tô murchando o saco
Essa vida de pobre meu Deus é um horror
É ônibus lotado, eu tô enjoado
Do motorista cabeção e o feinho do cobrador
Acordo cedo preparo minha marmita
Arroz e feijão, ovo e batata frita
Saio de casa cheirozinho e arrumado
Quando desço da gaiola desço todo amarrotado
Ainda tem fila pra bater cartão
Orelha seca é um apelido eu sou peão
Trabalho tanto que a fome chega cedo
E quando abro a marmita, o feijão já tá azedo
Tô ficando véio, tô ficando fraco
Tô encolhendo o pinto, tô murchando o saco
Essa vida de pobre meu Deus é um horror
É ônibus lotado, eu tô enjoado
Do motorista cabeção e o feinho do cobrador
No fim da tarde começa tudo outra vez
Ônibus de pobre você não vê japônes
Empurra, empurram é aquele zum, zum, zum
Eu comi feijão azedo e acabei soltando um pum
Todo mundo fica ali desconfiado
Eu fico ali quietinho com os olhinhos arregalados
E um fanhoso gago grita do meu lado
Abre o vidro motorista, tem um velho desmaiado
Tô ficando véio, tô ficando fraco
Tô encolhendo o pinto, tô murchando o saco
Essa vida de pobre meu Deus é um horror
É ônibus lotado, eu tô enjoado
Do motorista cabeção e o feinho do cobrador
No outro dia eu tento outra opção
Ah vou pro trabalho ai eu pego uma lotação
Ainda tenho que xingar o perueiro
Que põe um em cima do outro
Só pra ganhar mais dinheiro
Meu Deus do céu esta vida é um horror
Se eu não fosse orelha seca, eu ia ser um camelô
Quando eu peço aumento pro patrão, ele diz
Você teve a sua chance meu filho, mas você não estudou
Tô ficando véio, tô ficando fraco
Tô encolhendo o pinto, tô murchando o saco
Essa vida de pobre meu Deus é um horror
É ônibus lotado, eu tô enjoado
Do motorista cabeção e o feinho do cobrador